terça-feira, 16 de março de 2010

E o automóvel, quem diria, começou pelas mãos femininas.

Berta Benz e os filhos foram os responsáveis por mudar a coisa barulhenta, fumacenta, nisto que você tem andado.
Inevitavelmente, a história do automóvel e do automobilismo está profundamente influenciada pela política contemporânea e eventos econômicos. No entanto a importância desses fatos tem sido pouco examinada. Por causa da lei da “Bandeira Vermelha”, em quanto outros países produziam maiores e melhores carros, na Inglaterra ainda era ilegal dirigir sem um homem andando na frente do carro. Por este motivo Daimler e Benz conseguiram uma vantagem bastante significativa sobre Simms, Lanchester e Austin.
Porém o sucesso de Benz não se dava apenas por essas questões. O investimento de Bertha desde quando era sua noiva fez toda diferença pra o sucesso de Karl. Em 1872 Bertha Ringer e Karl Benz casaram-se. E Berta Benz sempre esteve lado a lado com seu marido, representando um sólido apoio em numerosas crises nas empresas por onde passou.
Porém com novos investidores e participantes, assim como a ajuda financeira dos bancos, transformaram a empresa numa sociedade por ações. Karl Benz tinha 5% das ações e era um dos diretores, mas mais uma vez, saiu da jovem companhia já em 1883. Posteriormente Benz conseguiu no mesmo ano apoio financeiro dos investidores Max Rose e Friedrich Wilhelm Esslinger. Em outubro de 1883 fundaram a firma “Benz & Co. Rheinische Gasmotoren-Fabrik”.
A empresa expandiu-se rapidamente. Benz podia dedicar-se sem problemas ao desenvolvimento de seus motores automobilísticos. Assegurado financeiramente, ele começou com a construção de um veículo de concepção própria, ao qual integraria seu motor de quatro tempos à gasolina, em contraposição à Daimler que montava seu motor numa carruagem adquirida externamente.
Em 1886 ele recebeu uma patente pelo veículo e introduziu seu primeiro “veículo Benz motorizado e patenteado” ao público. Nos anos 1885-1887 foram montados ao todo três versões dos triciclos: o modelo 1, que Benz doou ao Museu Alemão como presente em 1906. Mas não bastava construir um carro, Benz não queria apresentar em Munique em 1888 seu carro em exposição, temendo que não fosse vendido. A ponto de pensar seriamente em desistir. Felizmente uma idéia de sua esposa mudou seus planos. Bertha Benz em companhia de seus filhos Eugen e Richar, Sem que Karl soubesse, saíram com o carro e fizeram primeira viagem de longa distância. Que tornou Berta conhecida como a primeira mulher automobilista do mundo. Eles partiram da cidade de Mannheim, para a cidade de Pforzheim, para visitarem a mãe de Bertha. Planejaram a viagem em segredo e deixaram um bilhete para Karl avisando que tinham viajado sem deixar claro de que forma. Certamente a viagem não foi fácil, as estradas da época não eram feitas para carros e sim para carroças e cavalos. Sem contar os contratempos de combustível e mecânicos ocorridos na viagem. O motor de 2,5 HP à 500 rotações por minuto funcionava com gasolina leve, denominado “Ligroin”, nome mudado mais tarde para “Gasolin”. Eles teriam que levar uma reserva desse combustível que na época era vendido em farmácias. O reabastecimento da viagem foi feito na cidade de Wiesloch onde até hoje a farmácia e a cidade são conhecidas por terem abrigado “o primeiro posto de combustível do mundo”.
Os imprevistos mecânicos durante a viagem foram solucionados por Bertha de uma forma essencialmente feminina. Ela desentupiu uma mangueira de combustível com um grampo de seu chapéu. E protegeu as velas contra o desgaste envolvendo-as com suas próprias meias. Tiveram contratempos nas subidas, o veículo de duas marchas não tinha força pra subir. Dessa forma tiveram que descer do carro e empurra-lo nas subidas. nPor esse motivo, posteriormente, Bertha sugeriu uma terceira marcha para o carro, que foi integrada aos novos modelos.
Temia também as descidas, pois os freios de couro poderiam não funcionar, por isso eram renovados por sapateiros nas pequenas cidades por onde passaram.
Ao chegarem à cidade de Pforzheim estavam cansados e sujos. Todos os parentes estavam perplexos, e queriam andar no carro que batizaram de “Benzine”; que quer dizer; gasolina em alemão. Enviaram um telegrama ao Sr. Benz “A primeira longa viagem bem sucedida e chegamos bem à cidade de Pforzheim”. E permaneceram na cidade mais três dias e chegaram em sua casa a salvo dessa aventura. Foram os 106 quilômetros mais famosos da história automobilística.
Embora estivesse preocupado, Benz estava feliz com o feito de sua esposa que demonstrou ao mundo a eficiência do motor. Betha era uma mulher a frente de seu tempo, empreendedora e muito otimista e financiou não só com ações como também financeiramente a empresa de Benz para salvá-lo da falência. “As pessoas compram somente coisas que conhecem” palavras de Bertha. Com sua viagem Bertha ganhou a credibilidade diante dos futuros compradores que se convenceram da capacidade da maquina já que podia ser guiada por uma mulher. Rapidamente a história de sua viagem se espalhou e trouxe para a fábrica Benz bom retorno financeiro. Nos dias de hoje comemora-se bienalmente o percurso de 106 km no mesmo trajeto que Bertha Benz fez em 1888 de Mannheim a Pforzheim. Evento que começou a ser comemorado em 1963. Bertha registrou seu nome na história do automobilismo…
Abaixo selecionamos um vídeo muito legal sobre Bertha Benz. Confira!

Fonte:História do Automóvel, Auto modelo.
Texto: Cintia Ciqueira
Fotos: divulgação

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